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Tempo

por | jul 3, 2020

“”

 

Há alguns dias atrás escrevi um poeminha sobre tempo que diz assim:

relógio atrevido
dá voltas sem fim
um dia ainda te acerto
tem piedade de mim

(E fiz até uma aquarela pra acompanhar)

 

 

Sinto muita surpresa ao me dar conta que chegamos na metade 2020. Que vivemos este semestre tão atípico, inimaginável.
Sempre sonhei bastante desde menina e contei isso no último episódio do Pitoresca “É só comigo?” – já sonhei com fim de mundo, invasão alienígena, chuva de meteoros psicodélicos, inundações, entre muitos, mas muitos símbolos intrigantes. Dia desses cheguei a pensar que meus sonhos me prepararam para a passagem por 2020, esta espécie de fim iminente. Ainda estou aprendendo com esta nova forma de viver.

Se minha saída já era pra dentro, agora a porta só se alargou
Janelas se abriram, um sino até tocou
Escolho o mergulho
Silencioso

(Como está o seu mergulho por aí?)

Escrever sobre o tempo é quase orgânico em mim, está presente nas páginas de um diário quando eu tinha 8 anos de idade onde minhas aflições já não eram minhas. E sim do tempo. E é por isso que esse tempo, um velho amigo, insiste em me escoltar. Vez ou outra me emudecer. Mas na maioria das vezes, me amparar. E sabe o que mais? Foi ele que trouxe até aqui, este mês completo 30 voltas. Inimaginável, confesso.

Minha inspiração insiste em morar no tempo, não sei pensar em outra coisa que não seja saboreá-lo com a melhor parte de mim. E com a pior também, os mergulhos se tratam disso. Mesmo em um ano apocalíptico, entre tantas lutas e dores, o tempo ainda nos sustenta. Ele quer nos ver bem. Permite espaços chamados pausas, para autoconhecimento e poesia e que mais nos fizer resistir.

Concluo com o poema que acabei de escrever:

“Tempo
pode ser que nossa relação tenha sido confusa até aqui
mas hoje quero te agradecer
por tanta paciência em me aceitar
houveram muitas vezes que só fez sentido correr
te colocar em um vidro
até tentar te prender
como fui tola em achar que um vidro te suportaria
que a corrida seria o caminho
sem curvas e seguro, como ninho
Você nunca me falou da calma…
E depois de tanto tempo, olha eu aqui
achei uma carta antiga assinada por você:
“ponha calma no tempo vê se não vai se perder”
Dobrei a guardei naquela gaveta que você bem conhece
onde esse bilhete estava que eu nunca vi?
era tudo tão corrido que eu nem percebi
por isso,Tempo, repito: hoje só quero te agradecer
por me apresentar a calma, o seu outro formato
é com ele que vou seguir
Cansei de te ver voar
Obrigada por tanto
por ter me ensinado a viver até aqui.”

Com todo meu amor,
Amanda / julho 2020

 

Amanda Mol

Artista visual e designer de produtos do cotidiano com estampas autorais! Nasci e moro no interior de MG onde fundei a Brava Galeria (@bravagaleria)! Amo compartilhar meus processos criativos no @molamanda e escrever sobre esse tema na minha newsletter quinzenal. Arte pra mim é fôlego e uma forma viciante de transformar nosso caos em poesia!

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Amanda Mol

Artista visual e designer de produtos do cotidiano com estampas autorais! Nasci e moro no interior de MG onde fundei a Brava Galeria (@bravagaleria)! Amo compartilhar meus processos criativos no @molamanda e escrever sobre esse tema na minha newsletter quinzenal. Arte pra mim é fôlego e uma forma viciante de transformar nosso caos em poesia!