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roteiro de 7 dias em mim mesma

por | jun 2, 2021

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Esse título é uma ironia com as postagens que eu mais pesquisei nos últimos anos: roteiro de tantos dias em algum lugar no mundo. Nada me trazia mais frio na barriga do que planejar um passeinho novo seja lá onde fosse… e eu fui ficando boa em desvendar cantos, combinar rotas e inclusive me atrever a compartilhar no blog. Tenho até alguns posts que viralizaram, atualmente o de Gramado é o que está no trend. Montar roteiro me desafia, me coloca de frente com o medo de avião e de certas aventuras, mas agora que o roteiro é pra dentro de mim mesma entendi que esse sim é um rolê estranho e longo. E as vezes também me coloca diante de alguns medos.

Não tem rota, não tem um mapinha, procuro no Google “roteiro de 7 dias em mim mesma” e nada foi escrito a respeito. Parece que cada viagem é uma. Gente do céu mas não é possível que ninguém fez um roteirinho pra seguir? A coisa da versão simplificada de 3 dias. Nada? Esse job é todo meu, tô sozinhona aqui diante de uma folha em branco traçando um mapa que contém uma porção de paradas…será que vai caber em 7 dias? Pra onde eu tô indo afinal de contas, céus?

Resolvo pegar um trem, só sei que ele andará por algumas horas num único sentido… nem me deu opção de escolha de destino. Ótimo, tô cansada demais pra escolher alguma coisa hoje. Só entrei, sentei na primeira poltrona que vi no vagão vazio pra não cruzar olhares. Eu só quero olhar pela janela e fica quietinha um pouco…Parece que cochilei e acordei horas depois, há quanto tempo não cochilo assim…uau essa piscada me pareceu melhor que minhas noites recentes de sono agitado. Vejo umas árvores apontando, montanhas, casinha… chegou. Desembarquei numa fotografia. Não sei bem o que está acontecendo por aqui, mas como falei não encontrei posts com dicas, eu precisava fazer essa viagem e vim sem mapa mesmo. Desembarquei numa fotografia onde eu tinha 2 anos, minha irmã com 3 e meus pais tão mais jovens meio que próximos a minha idade de hoje…tem horas que chego a desacreditar que não nasci adulta. O que será que eu pensava com 2 anos? Isso não é uma viagem de ácido, só resolvi escrever como minha cabeça pensa e talvez ela seja prima de segundo grau de uma viagem assim. Sei lá, esse é o meu normal e não faço ideia de como é ter outra mente. Queria saber se existe realmente mente silenciosa.

Voltando pra foto. Minha família nunca pôde viajar muito, meus pais tiveram comércio por 35 anos e há pouco mais de dois anos conseguiram vender para uma pessoa que gostam e se sentem felizes em ver o crescimento. É bom quando o sonho da gente não morre né? E aí vieram trabalhar comigo, aqui na loja AM e nas engrenagens do atelier. Não viajávamos muito no passado porque o trabalho do comércio era de domingo a domingo, e porque a grana sempre foi a conta. Em um certo momento começamos a conseguir fazer uma viagem em família por ano e então conhecemos alguns lugares, mas Beto Carreiro foi o mais memorável deles quando em tinha 10 anos. Tipo ir a Disney. Fui muito feliz, tive uma infância muito alegre e rica de amor. Quis criancinhas amadas eu e a Aline fomos.

Olho essa foto aqui que desembarquei e tento reconhecer onde estou naquela criança, no pézinho segurando a “chinela rosa”, na barriguinha pra frente igual ao Seu Boneco que eu amava, na cara de desconfiada e de poucos amigos talvez. Não tô achando a Amanda ali…acho que nos olhos grandões curiosos. O que será que eu pensava naquela foto meu Deus? isso era o que eu mais queria saber.  Hoje meu pai pinta minhas meditadoras, minha mãe faz as velas naturais, meu pai tem feito as quitandas que vendemos na loja, minha mãe embala a venda dos sites…eles cuidam da loja como se fosse eu. Minha irmã está sempre por perto e adora cuidar da gente. Meu sonho não é nada sem a minha família. Tenho tanto orgulho de trabalharmos juntos e de dizer que eles são a minha equipe também. Naquela foto ali eu nem ninguém poderia sonhar que um dia seria assim…

Nessa versão pocket ai da foto eu já tinha fama de atrevida, agitadinha, engraçada. Adulta fui me tornando um tanto de outras coisas, me moldando pra pertencer, me perdendo e me reencontrando. Vivo tendo que pegar trens de longas viagens para tentar encontrar de novo com quem fui, ou ainda sou. Desembarcar em alguma fotografia ou memória que me lembre que diabos é essa viagem de ácido chamada vida que nos envolve em ciclos e termina, As vezes termina sem nem avisar, que loucura é tentar entender esse mistério. Hoje eu e minha familinha viajamos bem mais, fomos em Gramado por 3 anos consecutivos até o apocalipse chegar.. lá é a Paris da minha mãe. Brincamos que ficamos ricos porque temos finais de semana, trabalhamos juntos e podemos fazer quantas pausas quisermos, isso é riqueza pra gente. Entro no trem de volta e me vejo aqui sentada na cama escrevendo, apostando nas palavras embaraçadas e meio sem jeito de saber que é isso mesmo que virou meu episódio curtinho do pod, espero que minhas palavras não tenham sido confusas demais. Viajar em nós mesmas pode trazer aprendizados tão valiosos como pegar um avião e cruzar o oceano, também existe um mundo infinito aqui dentro.

Com todo meu amor, Amanda.

Amanda Mol

Artista visual e designer de produtos do cotidiano com estampas autorais! Nasci e moro no interior de MG onde fundei a Brava Galeria (@bravagaleria)! Amo compartilhar meus processos criativos no @molamanda e escrever sobre esse tema na minha newsletter quinzenal. Arte pra mim é fôlego e uma forma viciante de transformar nosso caos em poesia!

* CUPOM DE LEITORA: AMBLOG

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Amanda Mol

Artista visual e designer de produtos do cotidiano com estampas autorais! Nasci e moro no interior de MG onde fundei a Brava Galeria (@bravagaleria)! Amo compartilhar meus processos criativos no @molamanda e escrever sobre esse tema na minha newsletter quinzenal. Arte pra mim é fôlego e uma forma viciante de transformar nosso caos em poesia!