proporcionar ou obter tranquilidade; livrar(-se) de apreensão, receio, preocupações; acalmar(-se), serenar(-se).
Lembrar de descansar deveria ser um post it recorrente assim como a nossa mãe nos lembra de levar o casaco porque está frio lá fora. E quando a minha mãe fala isso, mesmo derretendo, eu ainda pego o casaco. Porque não faço o mesmo quando lembro que preciso descansar? (indago eu para mim mesma rs) Sempre fui boa em praticar a pausa e escrever sobre ela, você sabe disso pois já deve ter lido algum texto meu com esse tema, acontece que há um certo tempo tenho sentido uma dificuldade inédita em desacelerar. A minha mente não tem dúvida alguma de que essa é a ÚNICA coisa que preciso nesse exato instante, mas o meu corpo não tá respeitando. ABUSADO. Porque ele tem feito isso comigo? E aí o jogo vira. Nos dias que meu corpo obedece e se permite deitar num sofá a minha mente pra não perder a fama de tagarela começa a me lembrar do que eu esqueci que já tinha me esquecido, incansavelmente, como um checklist numa rolo de papel de 30m. É TÃO INJUSTO. Aí recorro ao que já li e aprendi e me lembro que “veja bem jovem Amanda é você quem controla sua mente” – dessa lição eu já tomei nota escrevi até com canetinha brilhante e passei marca texto, mas não tenho conseguido praticar com consistência. Vamos lá: é o Natal chegando, final de ano, você está preocupada com datas de lançamentos das coisas, vem de uma obra gigante com pitadas de traumas, é a ressaca de uma pandemia sem fim? Eu sei lá, grilo falante da minha cabeça. Ando precisando descansar até de procurar resposta pra tudo. Você também se sente uma maquininha de responder? Gente, apps, inboxes, seu próprio cérebro.
Tô falando em descansar mesmo, na essência mais simples do que esse verbo quer dizer: livrar-se da apreensão, serenaaaar. Ai que delicinha. Percebi que a única coisa que cessa essa batalha de uma mente acumuladora é quando estou praticando um exercício pesado. Porque ali, naquele segundo do tempo eu estou no presente, se eu me desconcentrar posso cair de uma barra, posso fraturar meu corpo, posso errar uma contagem e me atrapalhar toda. Ali, só ali eu me sinto 100% no agora. Ali, mexendo o meu corpo intensamente eu deixo a minha mente descansar plenamente. E que loucura é precisar estar de cabeça pra baixo ou sustentando um peso alto para minha cabeça poder afrouxar o cinto. Sim, bem lembrado quem pensou em endorfina – essa maravilha é felicidade pura e não sei viver sem ela há uns bons anos graças as deusas amazonas que habitam meu corpo. E sim, cheguei até aqui para pensar nesse parodoxo entre o movimento do corpo e descanso mental.
Tem outra coisa por um triz aqui, e não é minha carreira. Não é possível que descansar seja algo tão distante das nossas mãos. Não é possível que a vida seja um Tupperware onde só cabe tarefa, realização pessoal e “olha mais isso que eu fiz parabéns pra mim”.
Tô em busca de dias cheios de nada! De um potão vazio onde eu possa encher com ócio, e não o criativo. De uma página de planner onde eu não precise colocar 5 tarefas pra ticar – exausta mas com filtro rainbow no final da tarde. Quero páginas pra preencher assim ó: que delícia foi jardinar, cozinhar com calma e cuidar da casa hoje, e siiim foi por isso que eu mudei o meu planner desse novo ano também, você conhecerá em alguns dias! Eu quero páginas maiores para preenchermos com o tipo de dia que escolhemos ter.
Eu ainda sinto muita ansiedade por vender menos por não estar tão insistente na internet, é que todo esse barulho não estava me preenchendo mais. Ele me tira do agora. Descansar é abrir mão de alguma coisa, e só passa a doer menos quando a gente decide que vai valer a pena abrir mão. Tô nessa batalha íntima por aqui, isso sai, isso fica, isso agora não será mais assim, vem descanso, pode entrar, pode se achegar…fica mais tempo vai. O agora é o que mais importa e amanhã eu já quase me esqueço. Então hoje, lembra de novo Amanda e você que está me ouvindo agora: descansa simplesmente porque a vida não é só movimento e se tiver um ventinho lá fora pega o casaco.
Seguimos aprendendo a viver.
Com todo meu amor, Amanda.