Outro dia desses me senti triste, como se um vazio tomasse conta do meu ser e fiquei me perguntando por que? Tenho feito tudo que posso, me propus inclusive a só enxergar o lado bonito disso tudo.
Meditei, me exercitei, li um bom livros, produzi o que eu planejara no meu trabalho mas ainda assim o vazio me acompanhava…
Entoei o mantra “vai passar”, ouvi podcasts legais, não li noticiários naquela ocasião. Não passou.
Busquei respostas mais profundas no âmago do meu ser revirando algumas “bagunças” que eu ainda não estava disposta a tocar e ainda assim, nada mudava.
Me senti culpada por não ser mais produtiva, por sentir medo, vontade de chorar e impotência.
E então, fui escrever. Porque escrever, esse sim me rouba angústias. Eis aqui algo que não falha nunca.
E fui esvaziando, esvaziando e esvaziando. De repente não é que eu estava de novo enxergando uma luzinha logo ali.
E comecei a ver que aquela forma de pensar, tão rígida e irredutível, começou a desmanchar. Eu poderia sim tentar de novo, acreditar, ter esperança.
Ainda há forças aqui…eu não sou algo sólido, permanente. Eu sou impermanência, posso mudar um pensamento e transformar tudo.
Aiiii o ar! O ar está voltando e estou me sentindo forte. Eu sou forte. Siiim, isso tudo tem um lado bom, mas é óbvio. Eu acredito, eu sinto esperança…
E mais palavras no papel, mais palavras no papel… sinto o ar energizando todo o meu corpo e me trazendo de volta. Escrevi e me lembrei de res-pirar.
E me lembrei também que a vida é feita de ciclos, como as estações ano. Desfolhamos, para renovar e então nos recolhemos no inverno.
Não é preciso estarmos felizes sempre durante esse processo, tampouco sermos uma força inabalável. Tudo bem se sentir triste, tudo bem não ter respostas para todas as nossas perguntas.
Em dias assim, ESCREVA. Mesmo que rasgue os papéis depois, mesmo que apague tudo, mas coloque para fora de algum jeito e sentirá o seu peito enchendo de ar novamente.
Como me sinto agora. Somos outono, inverno, primavera e verão.
E é também por conhecer a tristeza que celebramos com tanto vigor, a felicidade.
Com amor,
Amanda.