O processo de não desistir do nosso sonho é montanha russa. Contém curvas suaves que não desestabilizam nem um marinheiro de primeira voltinha e loopings que parecem nunca mais nos devolver à órbita normal. O assunto que mais amo ler, ouvir, conversar é sobre as histórias das pessoas e suas trajetórias. Sobre aqueles dias específicos que o caldo parecia querer desandar e algo aconteceu pra mudar tudo. Algo simples, geralmente simples de verdade, já percebeu? Não é fácil seguir “sonhadora porque sim” depois dos 30. Percebi que muitas coisas mudaram em mim – profundamente – a ponto de eu desconhecer o próximo passo. De repente eu, *controladora funcional* que sempre consegui escolher bem cada passo desde os 17 me senti em plena montanha russa. E olha que nunca gostei de montanha russa.
Percebo que não abandonar o nosso sonho é também estar preparada pra quaaaase abandoná-lo. E esse pensamento é tão nebuloso como um céu cheio de nuvens que ameaça chover o dia todo mas não solta u-ma go-ta de á-gua se-quer (leia pausadamente). Tem dias que até somos “nuvem farta” mas aí vem o vento – bons ventos – e muda tudo. Eu escrevi “dia sem vento é tanto aqui dentro” e acho que foi isso que eu quis dizer: o tanto quaaase me deixa transbordar, mas não transborda. Então aproveito os dias sem vento pra organizar esses tantos aqui dentro. E foi isso que mais fiz nos meus “Depois dos 30”! Entre tanto, nos dias de tempestade, porque houveram muitas e ainda haverão, eu tento me reconectar com a sonhadora dos 20 e falo pra ela: nem pense em se mudar daqui, seu aluguel é vitalício e faço quantas reformas forem preciso pra te acomodar bem. Eu sou o seu lar.
Sigo firme no meu sonho de empreender respeitando & contemplando a artista que me habita. A Série Tanto é meu maior manifesto e será o maior corpo de obra que criei até aqui! Lancei a primeira fase com a abertura e vernissage – com várias obras já vendidas, o que me dá muito orgulho e entusiasmo – e agora vou seguir para a segunda fase onde continuo pintando, produzindo e escrevendo meus poemas. Me aprofundando e seguindo o fio, sem me perder pelo caminho. E há um ponto forte nesse fio que se chama Brava Galeria! Finquei o pé nesse território para expandir todo o potencial que a minha loja pode ter. Não estou em Varginha atoa, não me mudei, não desisti. Sou braba, sou dessas. E tenho muita gratidão por cada pessoa, que apoia, acolhe e consome minhas criações porque valoriza o fato de eu estar em sua cidade. VGA é minha raiz e raízes nutrem. Sem essas raízes não sou nada.
“É muito importante que a gente olhe pro artista local, porque todo artista nasce local com potencial pra ser universal” (Bráulio Bessa)
Foi ouvindo a entrevista que o poeta Bráulio Bessa deu para o podcast Nordestinos pelo Mundo, que transcrevi essa frase. Fiquei muito tocada com tanta coisa incrível que ele compartilhou, são 3h de conversa e ainda não terminei, tô saborenado aos poucos porque tem momentos que preciso de tempo pra processar. A forma como ele partilha sua trajetória e reconhece a importância de Alto Santo, sua terra natal, na sua carreira é algo raro de se ouvir por aí. Pra mim, não há nada mais encorajador do que conhecer essas outras camadas de alguém que ocupa os “lás” que a gente acha que são chegadas. No fundo, a parte mais importante de tudo não é esse “lá”, e sim como tudo começou. E o que se torna farol nos dias que as nuvens estão pesadas demais. Aqui está o link para assistir!
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